sábado, 30 de junho de 2007

Entrevista do SOWETO

Entrevista

Com mais de 150 mil cópias vendidas em três meses de Refém do Coração; disco de estrela na Emi odeon ,o Soweto começa a invadir o País. E ouro, mas caminha para platina, platina dupla

CAVACO - Como foi o começo do grupo?

CLAUDINHO DE OLIVEIRA - Com a atual formação, a gente está há seis anos. O Belo e o Buiú estudaram juntos no pré-primário, e só foram se reencontrar anos depois, quando um ficou sabendo que o outro estava tocando. Todos nós saíamos muito à noite, e era normal nos encontrarmos nos bares do samba onde rolava pagode ao vivo. O Fundo de Quintal influenciou muito a gente, acho que todos os grupos da nova geração surgiram a partir dele. O nosso padrinho é o Biro do Cavaco, uma pessoa muito importante para nós.

CAVACO - Vocês curtem muito o Djavan, né?

CLAUDINHO DE OLIVEIRA- Sim, pois ele é um fenômeno, um grande talento, um espelho, e alguém que tem um pouco de tudo em seu trabalho. Nosso nome saiu de uma música composta e gravada por ele há uns 11 anos. Ele é uma fonte de inspiração das melhores.

CAVACO - Como vocês definiriam o relacionamento de vocês, como integrantes do Soweto? A união seria um dos segredos do sucesso? E você, Belo, que como cantor acaba tendo mais atenções, como faz para administrar isso?

BELO - O Soweto é uma família. Sei que o cantor sempre aparece mais, mas temos uma união muito grande, todos ganham a mesma coisa. E sou o Belo do Soweto, não um cantor solo acompanhado por uma banda. Eu preciso deles, e eles de mim. Somos um time.

CRISEVERTON - Nosso segredo é muita luta mesmo. Teve uma época em que o Soweto ficou somente comigo, o Buiu e o Claudinho, e nem nesse momento desanimamos, pois a gente sabia que estava predestinado a um futuro brilhante.

MARCINHO - O sucesso surgiu para nós de uma forma muito legal, com pessoas tão bacanas por perto. Está sendo uma maravilha, e a gente fez por merecer, pois lutamos muito para isso, nada veio de graça. Nada mesmo.

DIGO - É um sonho se realizando. Ainda temos muito para realizar, mas o começo está sendo ótimo, o reconhecimento por parte do público é muito agradável para todos nós.

CAVACO - Claudinho, você é o compositor do grupo, e normalmente costuma compor sozinho. Porque? E quem já gravou suas músicas, além do Soweto?

CLAUDINHO DE OLIVEIRA - Gosto de parcerias, mas sou meio tímido. Prefiro sentar e refletir para compor, e sozinho dá mais certo, pois não fico preocupado com o que outra pessoa pensaria de uma idéia minha, não me auto-censura, nem me inibo. O Soweto já gravou 15 músicas minhas. Além disso, também tive mais de 50 músicas gravadas, por gente como o Biro do Cavaco, o Royce do Cavaco, o Katinguelê,o Sem Compromisso e Um Toque A Mais, entre outros.

CAVACO - Belo, quais suas influências como cantor?

BELO - Ouvia muito alguns artistas de fora do pagode, como Djavan, Caetano Veloso e Milton Nascimento, além de grupos como os Originais do Samba, Demônios da Garoa e o Fundo de Quintal. No começo, eu só tocava cavaquinho, tinha muito medo de cantar, mas acabei tomando coragem, e canto há seis anos.

CRISEVERTON - Temos uma musicalidade muito particular, e a voz do Belo é um grande diferencial, por ser totalmente diferente do que está rolando por aí.

CAVACO - Vocês tem origem bastante humilde. Como é conseguir vencer na vida lutando contra todas as dificuldades?

DIGO - É muito agradável. Venho do Capão Redondo, bairro onde ainda moro, e onde pretendo continuar morando por muito tempo. Quero poder ajudar a minha família, e principalmente meus pais.

BELO - Nem as dificuldades com o nosso primeiro disco pela Five Star, que saiu em 96 e foi muito mal distribuído e divulgado, nos abateu. Sabíamos que precisávamos ser alguém, sair da periferia sem acabar sendo ladrão ou traficante. É dificil, muito complicado, de 100 pessoas, uma ou duas conseguem. Hoje, tenho dois filhos, e graças a Deus posso ajudá-los, assim como aos garotos da periferia. Tem uma escola de samba em São Paulo, a {lor de Liz, que promove aulas para 300 crianças carentes, e eu e o Marcinho vamos dar aulas de música para eles, para dar uma força, sermos exemplos positivos. Devo muito aos meus pais, que me mostraram o caminho certo.

CAVACO - Marcinho, você toca violão no grupo, mas não compõe. Porque? E como você se aperfeiçoou como músico, qual é o melhor caminho para isso, na sua opinião?

MARCINHO - Não componho, não tenho o dom que e o Claudinho tem, então procuro ajudar nos arranjo dar dicas. Para mim, 50% do caminho para ser um bom músico é através do dom que você tem para tocar. Os outros 50%, a noite ensina a você, com muito esforço e transpiração. Juntando todos esses aspectos, surge o músico ideal.

CAVACO - Como foi segurar a barra logo depois da trágica morte do Robson Buiú?

MARCINHO - No começo, foi duro aguentar a falta do Buiú, o primeiro show sem ele foi muito dificil. Temos em mente que precisamos realizar o sonho dele, que era um cara que sempre acreditou no sucesso do grupo. Isso nos empurrou para a frente.

CLAUDINHO DE OLIVEIRA - Outra consequência: ficamos ainda mais unidos, e mais preocupados uns com os outros ,sempre procuramos saber o que o outro está fazendo, onde se encontra, coisas assim. Essa tragédia nos aproximou ainda mais.

CAVACO - Lógico que existem várias pessoas importantes para que vocês tivessem chegado ao sucesso, mas quem seria a pessoa a quem vocês são mais gratos?

CRTSEVERTON - Olha, é o nosso grande amigo Marcelino, que bancou a gravação do nosso primeiro disco, que saiu pela gravadora Five Star. Ele investiu na gente, acreditou, foi quem realmente nos deu o primeiro grande empurrão. Talvez, se não fosse ele, não estariamos aqui, hoje.

BELO - O Jorge Hamilton, nosso empresário, nos colocou na EMI Odeon, é um verdadeiro pai, está sempre do nosso lado e nos lapidou.

É uma pessoa muito 'chata' (risos>, mas sua competência é inegável. Eu te amo! E tem também o produtor de "Refém do Coração", o Bira Hawai, que é uma verdadeira escola ambulante de swing, sabe tudo, temos um grande carinho por ele.

CAVACO - Qual é a importância do visual, no show de vocês?

BELO - Nossa preocupação com os shows é muito grande, mas o samba não é imagem, é música. A parte musical é

fundamental, pois imagem cansa, boa música, não. Ensaiamos no minimo uma vez por semana, para o show ficar em cima. Temos músicas que pedem coreografia, e procuramos criá-las, correndo para o lado certo, pois hoje o visual não pode ser colocado de lado.

CAVACO - A música de vocês é essencialmente romântica. Por que?

BELO - Somos muito românticos, o público brasileiro é carente de carinho, e nosso compositor, o Claudinho, é romântico, além das músicas compostas por outros autores e gravadas por nós também seguirem mais essa linha. É o que a gente curte.

CLAUDINHO DE OLIVEIRA - Sou romântico por natureza, é o tema que mais tem a ver comigo, na hora de compor uma canção.

CAVACO - Como está sendo para vocês conciliar o grande aumento no trabalho gerado pelo sucesso com suas vidas particulares?

BELO - A vida pessoal atualmente não existe mais, as coisas acontecem muito rápido, e não sobra tempo para muita coisa. Procuramos nos dedicar muito, fazer o nosso pé-de-meia

CRISEVERTON - O reconhecimento do público é gratificante, devemos o nosso sucesso aos lãs, então, está sendo muito bom para nós.

CLAUDINHO DE OLIVEIRA - A cada show, está aumentando o nosso público, as pessoas começam a nos reconhecer cada vez mais, e isso é muito bom. Desde a nossa primeira aparição em televisão, que ocorreu em 1991 no programa "Mulheres", as coisas cresceram muito, graças a Deus.

CAVACO - Vocês tem um clima muito bem-humorado. Existe algum tipo de brincadeira que role entre vocês?

BELO - Bem, todo cara que entra no ônibus que nos leva para os shows fica sem cueca, é o nosso batismo. A gente tira a cueca do cara, mesmo, ninguém escapa! (risos) Já tiramos cuecas de várias personalidades, não vou revelar nomes para não sacanear (mais risos). A gente guarda todas elas ,já temos mais de 40, dá para um dia fazer uma exposição.

CRISEVERTON - Também podemos pintar os 'chegados' de dourado. (diz, tentando, e felizmente não conseguindo, sujar o reporter com um pouco da tinta dourada que o cobria. Escapei de boa!).

CAVACO - Mudou alguma coisa no relacionamento de vocês, com a chegada do sucesso comercial/financeiro?

BELO - Graças a Deus, temos uma cabeça muito boa, e cada um está organizando sua vida da melhor forma possível. A união continua muito boa, ficou ainda mais forte, pois temos um ideal comum. Se tivéssemos ideais diferentes, não iríamos para a frente.

CAVACO - Quais são as músicas preferidas de vocês, no CD "Refém do Coração"?

DIGO - "Mundo de Oz" é uma música sentimental que toca o meu coração. Também curto muito "Antes de Dizer Adeus" e "Te Quero". É lógico que, como todos nós, também gosto muito das outras canções.

MARCINHO - "Momentos" me agradou desde que começamos a escolher o repertório para o CD, e durante um tempo ficou meio de lado, embora eu e o Belo achássemos que ela tinha cara de que faria sucesso a nível nacional. Fiz questão de assistir à gravação do vocal. Quando ela foi escolhida como música de trabalho, fiquei muito feliz, é a música que nos deu nosso primeiro disco de ouro.

CRISEVERTON - "Imaginação", que tem uma letra que inspira só coisas boas com a pessoa amada.

CLALDINHO DE OLIVEIRA - "Mundo de Oz" é muito especial, relata bem o meu amor por São Paulo. A música fala de um amor por uma pessoa, e também pela cidade. Surgiu de papos com o Buiú, e é a musica que me traz mais recordações dele.

BELO - "Imaginação" é muito especial para mim, pois quando a estava gravando, vivia exatamente aquele momento, aquilo que a letra relata. A emoção de gravar essa música foi mágica, marcante.

CAVACO- O nome do grupo saiu da música "Soweto", do Djavan. Vocês já pensaram em gravá-la, ou tocá-la em shows?

BELO - Nunca havíamos pensando nisso, mas acho uma boa idéia. Pode ser que a gente grave essa música no faturo, pois se trata de um grande momento do Djavan enquanto compositor.

CAVACO - Como é feita a seleção de repertório dos discos de vocês?

MARCINHO - Procuramos boas músicas independente do nome do autor, o importante é a qualidade do repertório.

CLAUDINHO DE OLIVEIRA - A seleção das músicas que gravamos sempre ocorre de forma democrática, entre o grupo e nosso empresário. O CD "Refém do Coração" e melhor do que o anterior, tem melodias mais leves, pois no primeiro disco nos faltava um pouco mais de experiência. Procuramos polir um pouco mais as composições, além de selecionar compositores de fora do grupo.

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